Enquanto as manhãs ensolaradas
espreguiçam nos lençóis da noite
meus olhos noturnos visualizam
os pequenos orvalhos da saudade
deitando sobre a relva das almas
no sereno da solidão presente.
Ao longe, um pescador debruçado
sob a sombra de um salgueiro centenário
olha sua existência renascida passar
nos reflexos das águas cristalinas
diante da margem do rio onde
aprendeu a pescar seu alimento.
Eu tirei o meu chapéu branco
enfeitado com pequenas margaridas
para saudá-lo numa daquelas manhãs
e quando ele se virou para olhar quem era
a emoção inundou os seus olhos
acompanhada por um sorriso iluminado.
Ele pronunciou meu apelido de infância:
- Toco!
Depois daquele encontro existencial
eu aprendi a pescar meus sonhos
e alimentar minha alma com sorrisos
enquanto meus pensamentos viajam
pelos caminhos eternos da esperança
de poder reencontrá-lo um dia
numa das manhãs ensolaradas de setembro.
Helen De Rose
(dedicado ao meu pai, que me chamava de seu toco)
*Antologia lançada em 20/11/2013 - CBJE - Rio de Janeiro
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Agradeço sua atenção.
Helen De Rose