Do que me cala




Há momentos na vida que me fazem calar a alma. 
Instantes sutis de introspecção com a existência. 
Não que seja um fragmento de calma. 
Talvez seja por estar surpreendida pela tristeza em essência. 

Observando silenciosamente os acontecimentos diários. 
Pessoas que estavam nos lugares e nos tempos errados. 
Receptores acidentais dos seus destinatários. 
Vivenciando a morte ou quase morte dos desgraçados. 

Calada, questiono o significado do destino e da sorte. 
O sofrimento como herança de outra vida. 
Antes que os outros se calem por minha morte. 
Num jazigo qualquer de uma lápide esquecida. 

Não sei de mim e muito menos de ninguém. 
Não sei do amanhã e do tempo que me resta. 
Só sei que meu silêncio vai muito além. 
Ultrapassa a eternidade por uma efêmera fresta.

Helen De Rose


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