Dos meus silêncios




Atravesso um deserto seguindo a estrela de Vênus durante a madrugada. O manto aveludado do céu esfria minha pele enquanto olho uma miragem. Uma pessoa caminha na direção contrária e vai se dissolvendo na areia maculada. Foi apenas uma ilusão se enterrando durante um tempo de passagem. Os silêncios dizem mais quando deixamos morrer um sentimento. Conseguimos ouvir sua voz ecoando por todo o deserto do nosso coração. Poderíamos até contar os grãos de areia enquanto desejamos um esquecimento. Neste instante, o fim é um vazio onde buscamos uma consolação. Pobre coração apaixonado, em silêncio pulsa uma desilusão diante do meu escuro céu. Enquanto minha alma ferida pula do alto do abismo sem olhar pra trás. Tentando sentir que ainda está viva rasgando mais este véu. Onde tudo desaparece tão rapidamente num segundo efêmero, transitório, fugaz. Nenhuma palavra conseguiria definir o que os silêncios me dizem. Porque neles estão contidos todas as verdades que não foram ditas. Um gesto mudo, uma mensagem calada, um olhar taciturno, lábios que não sorriem. Hoje, minha essência entende melhor o silêncio e a solitude dos eremitas.


Helen De Rose


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