Sombras no Platô da Gólgota



Não tenho explicações lógicas para as imagens que narrarei a seguir,
apenas surgiram em minha mente....

A visão marejada ganha asas 
e voa sobre uma colina solitária
sua geografia lembra um crânio humano.
No horizonte o Sol já se deita no entardecer
e a Lua Cheia surge refletindo o azul 
dos sagrados lírios azuis egípcios.
Sombras surgem no platô da Gólgota,
são incontáveis e transfiguram-se
sobre as caveiras abandonadas no solo.
Uma voz vinda da cruz no alto da colina
repete sem cessar:
-Vem a mim...vem a mim...vem a mim...
Mais sombras surgem por todos os lados,
umas brincam no seu estado etéreo,
outras chamam por seus pais
e muitas choram de fome e dor.
As brumas vão cobrindo as planícies
enquanto a noite se deita na imensidão
do veludo negro da esfera celeste.
E a mesma voz vinda da cruz continua:
-Vem a mim...vem a mim...vem a mim...
Enquanto isso, o mundo deseja o sono profundo
para dormir seus pesadelos mundanos,
porque todos os dias matam crianças
e roubam sua infância e seus sorrisos.
O martírio é apenas uma questão de tempo,
apenas o sofrimento irá perdurar 
e a ilusão será sequestrada pela realidade
diante das sepulturas à céu aberto.
Diante desta cruz todos cairão,
deixarão seus corpos lamentando a morte,
mas, ainda assim, serão confortados
pelas sombras do Platô da Gólgota.

Helen De Rose

* Antologia lançada em 28/04/2015 - 1* Coletânea de Poemas - Academia Luminescência Brasileira.


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