O Escritor e a Deusa


Em algum lugar no tempo e no espaço...

Um Escritor viajou para uma cidade, onde ia acontecer uma tarde de autógrafos do livro que ele estava lançando.

Entre tantas pessoas que compraram seu livro, uma mulher lhe chamou a atenção. Ela tinha um olhar penetrante e misterioso, cabelos longos e ruivos,uma pele clara e lábios rosados, estava trajando um macacão preto, hermeticamente vestido, deixando à mostra os contornos perfeitos da sua silhueta, transbordando um perfume amadeirado.

O Escritor ficou tão intrigado e interessado em conhecer aquela mulher misteriosa, que depois de conversarem e ele autografar seu livro pra ela, convidou-a para ver seus outros livros que tinha deixado no hotel, onde se hospedava. Ela aceitou o convite sorrindo e olhando fixamente nos os olhos do Escritor.

Na hora marcada, a mulher misteriosa chegou ao hotel, trazendo na mão, uma garrafa de vinho tinto. Ela dirigiu-se a recepção para avisar da sua chegada e ficou esperando o Escritor no hall de entrada.
Quando o elevador chegou, saiu o Escritor, procurando ansiosamente por ela, e logo foi ao seu encontro, com um ar de satisfação . E ela lhe sorriu.

O Escritor educadamente convidou a mulher para entrar no elevador. Durante essa pequena viagem até o andar de cima, ele pediu pra ela tirar os óculos escuros da face, para ele poder ver os olhos fascinantes dela. Com um sorriso tímido e meigo, a mulher tirou os óculos e olhou nos olhos dele sorrindo, vendo a emoção brotando dos olhos do Escritor, como se ele estivesse vendo um ser irreal. Ele sentiu algo diferente e mágico naquele encontro de olhares.

Chegando ao andar esperado, ele abriu a porta do seu quarto, e os dois começaram a conversar espontaneamente. Ela deu o vinho pra ele, e ele disse que ia pedir duas taças, indo na direção da porta, mas aquela mulher misteriosa deitou na cama, como uma gata manhosa no cio... e ele, anestesiado com aquela cena encantadora, parou no meu do caminho e ficou olhando pra ela.

De repente, ela sentou na beirada da cama, olhando pra ele, e ele, numa atitude de devoção, ajoelhou-se na frente dela e não resistiu ao desejo de tocar seus lábios rosados e carnudos, tão bem desenhados. Selando seus lábios ao dela, roubou-lhe o primeiro beijo. E ela sentiu o desejo dele, como se fosse uma menina tímida.

Então o escritor, largou as taças no chão, deitou de costas na cama e ficou olhando para o teto, talvez pensando se aquilo era apenas um sonho. A mulher misteriosa sentindo o sinal de desejo do Escritor, começou a se mover em direção ao corpo dele, deitando-se sobre ele, num encaixe perfeito de côncavo e convexo. Muito delicadamente, ela o beijava ardentemente, como se cada beijo fosse mapeando a face daquele homem tão romântico.

Aos beijos intermináveis, cada peça de roupa, que um tirava do outro, ia sendo jogada pelo chão. E naquele momento, eles iam conhecendo cada sensação ao descobrirem-se como homem e mulher, como num "streep tease" sensual e sedutor .

Nesse instante de pernas entrelaçadas, os corpos suados deslizavam sobre o deleite sexual dos amantes. Corpos ardentes, que se misturavam aos lençóis da cama, ao som de gemidos e sussurros de prazer e intensidade.

O Escritor extasiado, aproveitando a volúpia daquele momento, de entrega total, foi entrando devagar na intimidade daquela mulher deliciosa, sentindo, à medida que ele entrava mais fundo nela, que ela fazia movimentos deliciosos, como alguém que sabia a arte do pompoar.

Ele simplesmente delirou!! – e olhando nos olhos dela exclamou:

- Você é uma Deusa!!! - Ela sorriu dizendo:
- Eu Sou???
- Sim, disse o Escritor, você é a Deusa dos meus poemas!!!!


***
De que poema ele estava falando??

Não sei...

Mas se fosse citar um, citaria:

"A deusa da minha rua
Tem os olhos onde a lua costuma se embriagar
Nos seus olhos, eu suponho
Que o sol, num dourado sonho, vai claridade buscar
Minha rua é sem graça
Mas quando por ela passa
Seu vulto que me seduz
A ruazinha modesta é uma paisagem de festa
É uma cascata de luz
Na rua uma poça d'água, espelho da minha mágoa
Transporta o céu para o chão
Tal qual o chão da minha vida
A minh'alma comovida
E o meu pobre coração
Espelho da minha mágoa
Meus olhos são poças d'água
Sonhando com seu olhar
Ela é tão rica e eu tão pobre
Eu sou plebeu, ela é nobre
Não vale à pena sonhar" (Newton Teixeira/Jorge Faraj)


*publicado em junho/2008 - Contos Fantásticos Vol 14 - CBJE - Rio de Janeiro



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