O Portão da Infância

foto tirada em fevereiro/1979

Quando abri aquele velho portão,
minha infância feliz saiu correndo,
pro quintal antigo do meu coração
meus braços foram pro céu se erguendo.

Via-me ainda menina pequena, indo
de encontro com minha eterna saudade
deixada ali, no mesmo lugar sorrindo,
minha Nona dizendo: - Que barbaridade!

Minhas lágrimas queriam dizer:
- Eu voltei para o mesmo lugar,
que um dia eu deixei de ver,
onde eu aprendi o sentido de brincar.

Onde a inocência tomava banho
no tanque quadrado do quintal,
depois de sujar meu cabelo castanho
com os bolinhos de terra do lamaçal.

Onde a curiosidade morava no porão
repleto de coisas antigas e passados,
que viravam brinquedos pelo chão,
enquanto imaginar eram voos alados.

Eu voltei para rever o que eu amei
e jamais vou conseguir esquecer,
porque, no meu íntimo, eu sei
minha infância aqui irá permanecer.

Helen De Rose

(*poesia dedicada para minha Nona e Nono)

*Lançamento em 20/12/2012 - CBJE - Rio de Janeiro


Comentários

  1. Tacteei minha sombra caída
    Os ramos de uma magnólia cedem ao vento
    Ergui num deserto um castelo de raivas
    Segui numa distância infinita ladrilhada de mágoas

    Já não posso dar-te a mão, cheguei tarde
    Entre ruinas procuro o sentido, a razão
    Já não canto aos deuses, não rezo
    Já esqueci o sabor do desprezo, não desprezo

    Tracei um círculo de solidão
    Ausente do meu nome está o chamamento
    Jazem mudas as folhas de silêncio
    Errantes brumas ao sabor do vento

    Bom fim de semana


    Doce beijo

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  2. Olá Helen!

    Dizem que a infância(boa) é o refúgio da nossa alma e dos nossos pensamentos. Porque a criança vive o momento e não carrega o passado ou as preocupações do futuro. Ela só vive e eleva a vida... daí o prazer que sentimos ao viajar para aquela criança (aquele tempo)que vive em nós... a potência e a força(vital) estão ali a nos esperar...

    Gostei do poema e divaguei... um pouquinho.

    Um abraço!

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  3. Bonita forma de descrever o jardim do outro lado desse portão. Senti um perfume tão bom de minha infância.

    Abraço amigo, Helen!

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  4. Não se deve nunca perder a inocência da infância. Abraços

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  5. Nenhum portão é tão belo!
    Venho contando histórias da família,e foi na infância
    que sedimentei os melhores sentimentos. Sempre "revisito"
    os belos momentos da infância, em fotos, em lugares, em conversas.
    Lindo, o seu poema.

    Um beijo,Helen,
    da Lúcia

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Agradeço sua atenção.

Helen De Rose